Fala de Impacto 📢

Fala de Impacto #3: Rafael Mahfud da Silva sobre implementação de metas ODS e critérios ESG

Curioso sobre o tema desta nova entrevista? Hoje vamos falar sobre a melhor forma de implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) na sua empresa para maximizar o seu impacto positivo. Vai perceber, ainda, como a tecnologia pode ajudar nesse processo, quais os principais erros cometidos e como evitá-los, para além de muitas outras questões interessantes para quem tem as agendas de sustentabilidade bem presentes no seu dia a dia.

O nosso convidado de hoje é o Rafael Mahfud da Silva

O Rafael Mahfud da Silva tem já uma longa experiência na área de sustentabilidade, tanto a nível profissional como de voluntariado. Começou o seu percurso na Biovita Tecnologias Sustentáveis e, desde 2013, trabalha a Sustentabilidade e critérios ESG da WEG, no Brasil. Paralelamente, foi voluntário e coordenador no Núcleo de Sustentabilidade Corporativa ACJIS.

Ao longo da sua trajetória, o Rafael teve oportunidade de trabalhar com relatórios e índices de sustentabilidade, melhorar atendimento em gaps de sustentabilidade, colaborar em processos de materialidade, para além de palestras, workshops e ações de parceria entre empresas e o setor social.

Chegou a hora do Fala de Impacto com o Rafael Mahfud da Silva! Continue a ler para saber tudo o que o nosso convidado partilhou connosco.

De acordo com a experiência que tem nos lugares onde trabalhou, como é feita a implementação das metas ODS e os critérios ESG?

Rafael: Devido ao ESG ser um tema amplo e complexo, não existe uma receita única para as empresas, pois diferentes setores causam diferentes tipos de impacto. Neste sentido, primeiramente a empresa deve realizar um diagnóstico para entender quais assuntos são os mais relevantes para priorizar, o que significa que ela não deixará de tratar outros temas, mas sim priorizar os temas dentro do ESG que de facto sejam relevantes para seu modelo de negócio e o seu tipo de impacto.

Com o entendimento deste contexto, ela pode direcionar programas internos, metas, projetos, entre outras práticas para que desenvolva a sua estratégia com foco em temas que impactam na sua geração de valor da empresa a curto, médio e longo prazo. 

Importante também é pensar na adoção dos critérios ESG como parte da gestão como um todo e não como algo separado, pois deve envolver diferentes áreas, processos, nível estratégico, tático e operacional da empresa para que os critérios ESG sejam incorporados de fato na gestão da companhia.

A adoção das metas ODS é algo que está diretamente relacionada com o processo de implementação de critérios ESG, pois os temas constantes na agenda dos ODS estão contemplados dentro do escopo de ESG. Neste sentido, quando a empresa obtém esta perceção das suas prioridades em ESG, naturalmente identificará em quais ODS ela tem maior potencial de impacto (positivo e negativo) e assim poder fazer a sua parte de forma mais efetiva na contribuição desta agenda. 

Um ponto importante também na implementação dos ODS é analisar as metas que estão dentro dos objetivos para primeiro entender com maior precisão onde a empresa já impacta e tem potencial de impacto para depois traçar ações e metas internas alinhadas a estas metas dos ODS. 

Como pensa que as empresas podem alinhar as diretrizes ESG e ODS para maximizar o seu impacto positivo? 

Rafael: Por serem temas diretamente relacionados e sinérgicos, este alinhamento é facilitado e pode ser executado com uma análise de aderência entre as metas dos ODS, as diretrizes e práticas ESG da companhia. Nesta análise a empresa identificará os ODS que ela já impacta, algo que pode servir como ponto de partida para um plano mais estruturado de longo prazo. 

Essa sinergia entre os temas faz com que a implementação de uma agenda ajude no desenvolvimento da outra, e esse olhar integrado é muito importante para que se tracem estratégias e planos com potencial de impacto tanto para empresa quanto para sociedade, maximizando o seu poder de impacto positivo.

Quais os principais erros que as empresas cometem quando querem implementar critérios ESG e ODS? Como podem evitá-los?

Rafael: Ter boas intenções para avançar na agenda ESG é importante, mas muitas vezes a falta de cuidado motivada por excesso de vontade de falar sobre o tema e por desconhecimento de riscos relacionados a implementação de critérios ESG faz com que existam alguns erros que podem ser cometidos, como exemplos:

  • Focar em temas que não são relevantes para o seu modelo de negócio, algo que não gera valor a longo prazo e pode ser interpretado como greenwashing.
  • Não realizar uma comunicação clara e consistente das suas práticas e indicadores com as suas partes interessadas, que pode ser causada por falta de metodologia adequada de reporte.
  • Falta de entendimento das demandas e expectativas das partes interessadas sobre o tema, algo que pode impactar num bom relacionamento de longo prazo. 
  • Desenvolver o tema sem envolvimento efetivo de todos os níveis da companhia, como estratégico, tático e operacional.
  • Mesmo não intencionada, cometer greenwashing por comunicar algo como boas práticas de ESG mas que, na verdade é atendimento a requisito legal, por exemplo.

Algo que todos estes exemplos de riscos tem em comum quando se trata de evitar a ocorrência do risco é estar bem informado em relação as principais metodologias, frameworks, tendências, índices e movimentos do mercado, principalmente considerando o dinamismo e complexidade do ESG.

Para os ODS os erros que vejo como os mais comuns são:

  • Se basear apenas pelos 17 objetivos e não pelas 169 metas. Quando a empresa for fazer um diagnóstico e plano de atendimento aos ODS deve-se olhar para as metas, pois é possível identificar com maior clareza aonde se quer chegar. Avaliar a aderência de uma empresa apenas pelo objetivo em si, que é mais genérico, abre margem para interpretações que podem muitas vezes não estar aderentes as metas.
  • Tentar atuar em todos os objetivos, que muitas vezes acaba tirando foco e potencial de impactar metas de forma relevante. Neste sentido, é importante a empresa focar nos ODS que ela realmente impacta e tem potencial de impacto. 

Acredita que essa é uma boa forma das empresas criarem valor partilhado?

Rafael: Certamente, este alinhamento entre estratégia interna e ODS faz com que a geração de valor ocorra de forma amplificada por estar caminhando para a mesma direção e objetivos. Os ODS são uma agenda global seguida por diversos setores da sociedade, quanto maior for essa união de forças para objetivos em comum, maior será o potencial de impacto.

Desta forma a empresa obtém melhorias que contribuem para ela ficar mais competitiva ao mesmo tempo que gera valor para a sociedade por estar direcionando esforços para demandas partilhadas com outros atores da sociedade.

A tecnologia é um bom aliado na integração de ODS com critérios ESG e Sustentabilidade? Já utilizou algum tipo de tecnologia no seu percurso profissional para fazer essa integração?

Rafael: A tecnologia tem um papel altamente relevante para a agenda dos ODS, para adoção de critérios ESG das empresas bem como na sustentabilidade no seu conceito mais amplo.

A tecnologia ajuda uma empresa a se desenvolver, criar novos negócios, novas áreas, e por consequência ajuda no avanço da agenda de ESG na companhia. 

Exemplos de como a tecnologia é uma boa aliada para integração dos ODS com critérios ESG e Sustentabilidade:

  • Melhoria de processos e produtos de menor impacto socioambiental, impactando positivamente a sua cadeia de valor e outras partes interessadas.
  • Colaboradores mais motivados por estarem numa empresa que inova, cresce e abre mais oportunidades de desenvolvimento;
  • A tecnologia tem impacto nas metas dos ODS, em alguns de forma bem direta como nos ODS 7, 8 e 9.

No meu percurso profissional, vi e pude participar de processos ESG em que a tecnologia foi uma aliada para sua melhoria. De maneira geral a tecnologia é uma aliada estratégica para avançar na integração do ESG com os ODS. 

Como deve ser construído um relatório de sustentabilidade? Deve refletir as práticas desenvolvidas das agendas ESG e ODS? 

Rafael: Na construção de um relatório de sustentabilidade um primeiro passo é adotar uma boa metodologia para estruturação da “espinha dorsal” do relatório. Adotar um processo de materialidade é um ponto importante para realizar uma comunicação objetiva e focada no ponto de vista de relevância de informações. Como o tema ESG traz diversos temas e subtemas se faz necessário colocar uma lupa nos aspetos que têm impacto na geração de valor e de riscos associados, e como eles influenciam na estratégia, modelo de negócio e relação com partes interessadas.

Devido uma das funções do relatório ser uma prestação de contas das suas atividades com as partes interessadas, caso a empresa tenha plano de metas e objetivos é uma oportunidade para demonstrar como está o andamento e planos para o atingimento das mesmas.

O relatório naturalmente deve refletir as práticas e desafios da agenda ESG e se os ODS estão dentro da estratégia de desenvolvimento sustentável da empresa, certamente devem estar dentro deste contexto de comunicação do relatório. 

Todos estes assuntos tem uma conexão direta e buscar refletir eles no conteúdo de um relatório agrega na leitura de como a empresa está conectada na agenda da sustentabilidade e como está gerando valor no contexto macro da agenda 2030 bem como dentro da sua gestão de ESG.

Como vê a importância da aliança entre as empresas e comunidades no atendimento aos ODS? 

Rafael: Dentro da sustentabilidade as parcerias em diferentes setores da sociedade são fundamentais se considerarmos que vivemos num ecossistema ambiental, social e económico. Neste sentido, se todos estes setores da sociedade remarem na mesma direção faz com que o atendimento dos ODS se torne mais próximo. O objetivo 17 dos ODS possui metas relacionadas a parcerias multissetoriais, algo que reforça o poder destas parcerias dentro dos ODS.

Uma forma das empresas e sociedade civil se unirem em prol das metas ou objetivos é através de trabalhos de voluntariado  em parceria entre entidades e empresas. A pandemia foi um dos fatores que ajudaram a acelerar a agenda ESG nos últimos anos e dentro de todo o cenário catastrófico da pandemia pode-se observar muitos exemplos  de parcerias entre empresas e sociedade civil que ajudaram a minimizar os impactos da pandemia e a ajudar, por exemplo em metas relacionadas aos objetivos 1, 2, 3  dos ODS.

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