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Fala de Impacto 📢,  Novidades da esolidar

Fala de Impacto #1: Andrea Santoro sobre o S do ESG

Criar parcerias relevantes é um motor para o trabalho na esolidar. Para reforçar o nosso compromisso com a partilha de informações sobre impacto social, S de ESG, sustentabilidade e muitos outros, lançamos hoje a nossa nova rubrica, composta por entrevistas valiosas com profissionais experientes: a Fala de Impacto.

A nossa primeira conversa tem, como ponto de partida, as experiências de Andrea Santoro sobre o S de ESG.

A nossa convidada de hoje é a Andrea Santoro

Andrea Santoro é uma profissional com mais de 20 anos de experiência em Gestão da Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Investimento Social Privado, na promoção de mudanças nos modelos de negócios para que atendam às melhores práticas ESG, com a criação de valor partilhado entre os diversos stakeholders.

Trabalha há 12 anos no setor de geração de energia renovável e, anteriormente, atuou em organização social de defesa de direitos da infância e adolescência, liderando programas de engagement empresarial. É formada em Comunicação Social e está a tirar um MBA em Gestão Empresarial.

Continue a leitura e conheça a Fala de Impacto de Andrea Santoro!

Como avalia o momento ESG no Brasil e qual a tendência para o futuro?

Andrea: Nós estamos vivendo a era do propósito e da resiliência, não só no Brasil mas no mundo todo. É uma grande era da transformação pois nunca presenciamos essa avalanche ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) na qual sociedade, investidores, clientes, colaboradores e reguladores cobram posicionamentos das empresas e informações sobre os impactos socioambientais dos seus negócios. Sabemos ESG não é um assunto novo, há anos fala-se em Sustentabilidade Empresarial, a questão é que agora esse assunto entrou para as discussões financeiras e gestão de riscos com força total, abordando melhor as externalidades dos negócios, os impactos que causam na vida das pessoas e no meio ambiente com mensuração económico-financeira. O que vejo é que não é mais uma opção para as empresas se posicionarem no tema Sustentabilidade, é demanda, é imperativo para os negócios e a tendência é que cada vez mais empresas entendam isso e mudem a sua forma de fazer negócios incorporando ESG à sua estratégia. Digo mudar a forma de fazer negócios porque não dá para atuar nessa agenda sem mudar o antigo modo de operar. Olhando sob a ótica do investidor, a incorporação de riscos sociais e ambientais nas análises das companhias também veio para ficar e mais, vai se intensificar nos próximos anos. Os desafios da humanidade relacionados às questões sociais e ambientais precisam de solução. O importante é que os líderes empresariais entendam que a agenda ESG não é um algo a mais, não é ser bonzinho em relação a pessoas e meio ambiente, é business, gera valor para o negócio, para os investidores, para colaboradores e sociedade.

Como avalia o futuro das iniciativas pelo S de ESG no Brasil? Estão a ganhar a atenção das empresas, mas para que lado apontam? Quais serão as iniciativas mais visadas daqui para frente, na sua opinião? 

Andrea: Primeiro acho importante esclarecermos o que é o S do ESG. A tendência é que as pessoas pensem que é, exclusivamente, o relacionamento com comunidades e projetos sociais. Isso faz parte do S, aliás, é essencial, necessário e urgente. Mas quando falamos no pilar Social falamos em público interno e relacionamento com fornecedores também. O olhar para os funcionários deve ser o primeiro passo para qualquer estratégia empresarial, capital humano interno é o coração de qualquer empresa e nisto estamos falando em salários e benefícios, qualidade de vida, relacionamentos entre as pessoas, clima organizacional, saúde física e mental, segurança do trabalho, treinamentos para desenvolvimento profissional, plano de carreira, atração e retenção de talentos. Para de fato atuar nas agendas ESG precisa começar “dentro de casa”. Nesse âmbito, as empresas têm recebido uma grande pressão externa em relação à diversidade, equidade e inclusão e esta tem sido um lado para onde as empresas estão apontando. Em complemento a esta, vejo que atenção para saúde mental também está ganhando um espaço muito importante nas mesas de discussões e decisões corporativas. Estes últimos quase dois anos de pandemia, trabalho remoto, menor interações presenciais entre as pessoas, problemas graves de saúde que afeta tantas famílias mostrou o quanto a saúde mensal é essencial.

Um dos pontos importantes quando falamos do S de ESG é a ligação com as comunidades circundantes. Quais são os benefícios para as empresas nesse apoio a comunidades locais?

Andrea: Bom, ampliando o S para além do relacionamento com funcionários vem a importância de as empresas conhecerem as comunidades vizinhas às suas operações e os impactos que podem ser causados, tanto os negativos para que sejam evitados e mitigados, quanto os positivos para que sejam ampliados com investimentos nas comunidades e legados que podem ser deixados. Nesse âmbito de benefícios para as empresas, podemos falar sobre a Licença Social para Operar, que é uma licença “informal”, ela não é obtida legalmente, nenhum órgão a concede assim como licença ambiental, por exemplo. É uma anuência e aceitação da comunidade em relação àquela operação e/ou construção de empreendimento. Se determinado empreendimento não gera benefícios para a comunidade vizinha ou, mais do que isso, se ele gera importantes negativos relevantes as comunidades locais se manifestam podendo chegar até em ações para impedir a continuidade da operação/construção. Já vimos isso acontecer várias vezes em diversos setores económicos. As empresas precisam entender, quando entram em uma região nova, que existe uma cultura local, um relacionamento entre os moradores, uma dinâmica local que precisa ser respeitada. A empresa é o ente “novo” então precisa pedir licença para entrar e respeitar a dinâmica local buscando interferir o mínimo possível. 

E as comunidades? Na sua experiência, o que as comunidades ganham com esta relação privilegiada com as empresas?

Andrea: Os benefícios são muitos. Penso que o relacionamento entre empresas e comunidades deve ser um ganha-ganha. As empresas possuem a vantagem do capital que muitas vezes é maior do que o PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios, há empresas com receitas maiores do que o PIB de países. Mas além disso, elas têm o capital humano e intelectual, conhecimentos técnicos que podem ser extremamente úteis para solução de problemas locais. O que avalio que é importante nos investimentos que as empresas fazem nas comunidades é, primeiramente, conhecer as vulnerabilidades e necessidades das comunidades, planear ações que transformem positivamente as localidades e promovam o desenvolvimento do território.

Como uma empresa pode colocar em prática o relacionamento com as comunidades? E mais: como as ações devem ser acompanhadas e medidas? 

Andrea: Os investimentos nas comunidades devem ser encarados e gerenciados como qualquer outro investimento, definindo indicadores de acompanhamento e buscando resultados que são as transformações positivas. O início de qualquer ação deve ser a escuta ativa da comunidade, conhecimento da localidade e das suas necessidades e expectativas, identificar quais são as fortalezas também, qual o setor de economia predominante, qual a fonte de renda, os indicadores de saúde, educação e IDH.

De que forma as empresas devem orientar os seus programas de apoio às comunidades para envolverem também as suas equipas de colaboradores? E quais os caminhos para criar um programa interno de voluntariado que funcione para além da ideia de filantropia e crie relações duradouras de troca entre voluntários e as comunidades?

Andrea: Um caminho muito bacana para isso é envolver o voluntariado nas ações de investimento nas comunidades. Os funcionários podem ser convidados para participarem da estratégia de definição dos investimentos, da seleção de projetos, podem ser mentores. Ao longo da minha carreira acompanhei ações de voluntariado por diversas vezes, fiz e faço gestão de programa de voluntariado, fui e sou voluntária e é incrível o quanto os voluntários ficam felizes, satisfeitos e orgulhosos de suas ações. Eles aprendem tanto e se sentem extremamente úteis e empoderados. Para criar os programas de voluntariado é muito importante como primeiro passo praticar a escuta ativa.

De que forma as iniciativas voltadas para o S de ESG ajudam a desenvolver as restantes (Ambiental e de Governança)? Podemos dizer que estão todas ligadas? 

Andrea: Cada uma dessas frentes, Ambiental (E), Social (S) e Governança (G) devem estar interconectadas pois são interdependentes, todas são extremamente importantes. Por exemplo os impactos ambientais afetam a qualidade de vida e saúde das pessoas. Fala-se muito sobre justiça ambiental, pois os países menos desenvolvidos e as populações mais vulneráveis e com menor poder aquisitivo são os que mais sofrem com isso. Ligado a isso vem a Governança (G) das empresas e dos governos para que coloquem o tema socioambiental nas decisões diárias de negócios para que definam a estratégia e os caminhos. Não é adequado atuar separadamente em uma ou outra frente.

Como a inovação pode ajudar as empresas a implementar e gerir ações voltadas para o ESG?

Andrea: Primeiro começaria falando sobre o S do ESG. A promoção de um ambiente diverso, na sua pluralidade, gera mais insights e criatividade. Pessoas de diferentes culturas, gerações, classe social, estruturas familiares, descendência, raça e etnia tendem a pensar diferente em alguns aspectos, sem generalizar é claro. Isso é muito rico, é muito bom! Promove debate e ideias diversas, crescimento dos indivíduos, trocas entre as pessoas. Para a empresa isso contribui com geração de vantagem competitiva. A inovação e a tecnologia podem contribuir muito também na solução de problemas da sociedade, na geração de emprego e renda e combate à desigualdade, na educação, saúde, entre outros desafios sociais. O mesmo para as questões ambientais (o E de environmental), a inovação pode contribuir muito a busca de soluções para questões para o combate às mudanças climáticas com o desenvolvimento de tecnologias ou mesmo do gerenciamento dos recursos naturais.

Quer saber o que outros profissionais com experiência neste mercado têm a dizer sobre as agendas do momento?

Então veja os nossos webinares, onde convidados de diversos setores conversam, inspiram e ensinam sobre sustentabilidade, ESG e impacto social.

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