Indicadores para Organizações Sociais
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Indicadores para organizações sociais: como medir e acompanhar?

Conhece os melhores indicadores para organização social? E como deve extrair dados que ajudem a sua OSC na tomada de decisões? 

A realidade é que a maioria das organizações sociais está tão envolvida nas suas funções do dia a dia e na assistência às suas causas que nem sempre param para analisar os dados que possuem ou refletir sobre os indicadores que são importantes.

Neste artigo vamos ajudá-lo a perceber este assunto de uma vez por todas! Vamos explicar para que servem os indicadores para organizações sociais, quais devem medir e como analisar a informação recolhida. 

Assim, vai ser possível compreender melhor o ponto de situação em que a sua OSC se encontra. Além disso, pode perceber o que deve ser feito ou melhorado para o seu bom funcionamento, a curto e longo prazo.

Para que servem os indicadores? 

Os indicadores, também chamados de KPIs (Key Performance Indicator), são métricas que quantificam o desempenho de uma organização social, ou seja, ajudam a perceber a capacidade de cumprir os seus objetivos e estratégias de forma eficiente.

Através da análise de dados, as OSCs podem entender como está a ser implementada na prática a estratégia que definiram, avaliarem o crescimento da organização social e o impacto social que geram.

Assim, a administração consegue quantificar a eficiência das suas ações e o cumprimento de objetivos, ajustar o que não está a funcionar ou criar novas metas e estratégias para melhorar o desempenho de todas as áreas da organização social.

Quais os melhores indicadores para organizações sociais?

É importante perceber que cada organização social é única e tem estratégias e objetivos desenvolvidos para a sua própria realidade. Assim, não existe uma lista fixa dos melhores indicadores para organizações sociais. Cada OSC deve refletir sobre as particularidades do seu funcionamento e selecionar os indicadores que fazem mais sentido para analisar o seu desempenho e ajudar nas suas tomadas de decisão.

Para ajudar nessa seleção, vamos destacar 5 tipos de indicadores para organizações sociais:

1. Retenção

A retenção é um dado muito relevante para medir o desempenho da sua organização social. Nas OSCs este indicador deve ser medido em relação aos voluntários, à administração da própria organização e aos seus doadores:

Voluntários

Uma alta taxa de retenção de voluntários indica que existe uma boa experiência e fidelidade à missão da sua OSC.

É importante perceber:

  • A proporção de voluntários do ano passado que voltou para ajudar novamente este ano;
  • A proporção de voluntários que se tornam doadores;
  • O tempo médio de relacionamento com a organização social;
  • A quantidade de novas indicações trazidas por voluntários (novos funcionários, parceiros, voluntários, doadores etc.).

Administração

este indicador deve medir a percentagem de membros da administração que mantêm as suas funções, ao longo do tempo. Se existir uma grande rotatividade, algo está errado e deve sofrer uma intervenção. 

Este fator pode acontecer por razões internas (mau ambiente; salários baixos; desfasamento de expectativas, etc.) ou externas (recrutamento agressivo de concorrentes; conjuntura desfavorável; etc.).

Doadores

A retenção de doadores é a base para o sucesso na angariação de fundos e segurança financeira da sua organização social. Deve comparar a sua taxa com a média nacional para perceber se está abaixo ou acima do esperado.

O Valor da Vida Útil de Doadores é, também, um indicador relevante tendo em conta que define a quantidade total de euros angariados ao longo do tempo pela sua OSC, de um doador. Para calcular o valor médio de vida útil dos seus doadores, deve multiplicar o valor médio de doação anual pelo número médio de anos e meses de doação.

Por exemplo, se o valor médio das doações for de 200€ e o valor médio da vida útil do doador for de 2 anos, então o seu valor médio da vida útil será de 500€.

O valor da vida útil de doadores pode ser usado para monitorizar o seu progresso ao longo do tempo. Além disso, pode usá-lo para medir a eficácia das suas comunicações e os seus esforços de angariação de fundos. Ajuda, também, a perceber quanto deve gastar na aquisição de novos doadores. 

Outros fatores a medir:

  • Frequência de doações por período;
  • Frequência de doações por doador;
  • Valor médio de doação.

4. Engagement

O nível de engagement de uma OSC é o indicador mais forte e revelador de retenção futura para todos os três grupos mencionados acima. 

Existem vários tipos de engagement.

Alguns estão relacionados com a sua equipa:

  • Nível de satisfação no trabalho;
  • Rotatividade de funcionários.

E outros estão relacionados com a comunicação da sua OSC:

  • Interação em redes sociais;
  • Proporção de pessoas que receberam e abriram os emails enviados;
  • Número de artigos e reportagens publicados nos media;
  • Níveis e frequência de doações;
  • Número de subscrições de newsletters;
  • Número de visitas ao site ou blog da OSC.

5. Governança

A governança nas organizações sociais é um indicador ESG ligado à credibilidade e confiança da OSC, que ajuda na sua gestão interna. O objetivo da governança é conseguir ter uma maior transparência, equidade e representatividade nos seus processos, regulamentos, tomada de decisões e estratégias. 

Assim, deve estar atento a tópicos como:

  • Proporção de mulheres que fazem parte dos quadros ou da administração da sua OSC em relação aos homens;
  • Grau de representatividade de minorias na sua OSC;
  • Existência de registos e partilha de informações financeiras de interesse para os stakeholders;
  • Proporção de gestores que recebem formações relacionadas com o seu cargo (liderança, gestão de stress, relacionamento interpessoal, etc.) por ano;
  • Etc. 

6. Pirâmide de Financiamento

A sua organização pode estabelecer indicadores para diferentes níveis de financiamento, por ano: pequenas, médias e principais doações. Por exemplo, no patamar de pequenas doações podem estar as que, anualmente, vão até 200€. No nível médio podem estar aquelas  entre 200€ e 1.500€. No patamar mais elevado podem estar as doações anuais acima de 1.500€. 

Esta divisão vai ajudar a perceber o movimento das percentagens em cada ano e fornecer, ao longo do tempo, uma visão sólida sobre a saúde financeira da sua organização.

7. Impacto

Deve notar que este indicador vai evoluir e alterar-se com o tempo, se a sua missão também evoluir. É, também, diferente conforme o trabalho e tipo de organização social.

A melhor forma de medir o impacto é ter dados que podem ser comparados com resultados anteriores, resultados esperados e valores regionais e nacionais. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 17 metas globais desenvolvidas pela ONU são um ótimo auxiliar para a medição de impacto já que ajudam as OSCs a enquadrar as suas causas específicas em problemas mais amplos, de forma simples e padronizada e possuem já indicadores pré-estabelecidos para medir os resultados. Sempre que possível, alinhe as suas ações a estas metas e participe nos esforços globais para solucionar problemas fundamentais da atualidade. 

Para uma melhor compreensão, vejamos agora um exemplo. Se a sua OSC tivesse realizado um projeto para apoiar desempregados, alguns dos principais indicadores que deveria medir seriam:

  • A proporção de beneficiários que concluíram o programa em relação aos que entraram;
  • Nível de satisfação com o programa;
  • Número de pessoas que conseguiram trabalho após concluírem o programa;
  • Quantitativo de pessoas que criaram o seu próprio emprego após o programa;
  • Número de pessoas que registaram melhores condições de vida após terminarem o programa.

Se quiser saber mais sobre a avaliação de impacto nas organizações sociais, temos um artigo com um passo-a-passo completo sobre o tema. 

Como devo analisar os dados dos indicadores para perceber o progresso da minha OSC?

Comece por registar todos os dados numa folha de Excel, por exemplo, e partilhe todos os meses com a sua equipa para se familiarizar com cada um dos indicadores para organizações sociais e conseguirem perceber tendências. 

Repare que só vai conseguir realmente fazer uma análise aos dados quando tiver algum histórico de meses. Quanto mais histórico tiver, mais facilmente conseguirá ver correlações e extrair ilações sobre o desempenho da sua organização, nas várias áreas.

Atente que cada métrica é diferente. Por isso, é bom saber o progresso geral, mas indicadores específicos (como saber qual a campanha mais bem sucedida) ajudam a perceber quais os próximos passos que deve dar e a definir o que devem manter ou alterar. Da mesma forma, existem dados que ajudam a estimar o que vai acontecer no futuro (ex:  a % de crescimento de fundos e doações nos últimos meses, ajuda a estimar quanto podem crescer nos próximos meses).

O importante é conseguir transformar números e informações em insights que ajudem na definição de estratégias e tomada de decisões na sua OSC. Pode, até, compilar anualmente os dados e conclusões mais importantes num relatório acessível a todos os stakeholders.

Não se esqueça, no entanto, que nem todas as informações devem ser partilhadas. Se tem dúvidas sobre este tema, esclareça tudo com o nosso artigo sobre as leis de proteção de dados RGPD nas organizações sociais.

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