Conteúdo para ONGS

O trabalho das ONGs no combate à desigualdade social

A desigualdade social é um problema que afeta todos os países do mundo e agrava questões de marginalização e injustiça. As organizações sociais desempenham um papel muito importante no seu combate e são uma peça fundamental na mudança de mentalidades. 

Com este artigo, perceba o que é a desigualdade social, como afeta as pessoas pelo mundo, que ações devem ser implementadas para mudar esta situação e como são importantes as parcerias com empresas e governos.

O que é a desigualdade social

A desigualdade social é um problema que ocorre nas relações da sociedade quando existe um status social diferente devido a razões económicas, de crença religiosa, género, cor ou grupo social. 

Esta desigualdade de status manifesta-se essencialmente nas limitações de acesso a direitos essenciais como a educação e saúde, que por sua vez, condicionam o acesso a oportunidades e mantêm as pessoas num círculo vicioso, que se perpetua por gerações.

Quem é marginalizado por questões sociais ou económicas está estruturalmente em desvantagem e raramente consegue obter um nível mais alto de escolaridade, acabando por trabalhar em cargos sem grande prestígio, com pouca probabilidade de crescimento profissional e remunerações modestas. 

Esta situação gera consequências graves já que mantém as pessoas num estado de pobreza, marginalização, desemprego, fome, violência ou criminalidade. 

Exemplos de tipos de desigualdade social

Existem vários tipos de desigualdades sociais que afetam significativamente a vida de muitas pessoas. Aqui ficam três exemplos mais notórios:

Desigualdade de género 

A discriminação baseada em género tem como base a divisão de papéis dadas a homens e mulheres que afetam questões sociais, educacionais e culturais. As consequências desta desigualdade refletem-se, essencialmente, na falta de acesso das mulheres à educação, nos salários mais baixos em relação a homens com a mesma profissão, na dificuldade de acesso a cargos de chefia e na falta de representatividade em atividades políticas e de tomada de decisão, uma discriminação, também, sentida pela comunidade LGBTI+.

Desigualdade racial

Este tipo de desigualdade resulta de distinções sociais hierárquicas entre grupos étnicos numa mesma sociedade, baseadas na cor da pele, características físicas ou origem cultural e é visível na diferença de tratamento e oportunidades em relação a outros grupos raciais. 

A discriminação racial baseia-se em estereótipos e suposições sobre determinado grupo étnico que é penalizado em várias situações, principalmente a nível de contratações profissionais. 

Este tipo de desigualdade é, muitas vezes, fomentado na sociedade através da representação negativa (ou falta de representatividade) em meios de comunicação, perpetuando a sua marginalização. 

Desigualdade económica

A desigualdade económica está presente em todos os países e resulta da distribuição de dinheiro e privilégio de forma desproporcional na sociedade. Assim, apenas uma pequena parte da população mundial usufrui de uma excelente qualidade de vida e acesso a todo o tipo de oportunidades, sem grandes limitações. Já as pessoas com baixo poder económico, vivem de forma precária, muitas vezes sem acesso a direitos básicos, como a alimentação, o alojamento, a educação e a saúde, em situações de risco e ambientes violentos, com poucas perspetivas de melhoramento.

A desigualdade social no Mundo

A desigualdade social existe em todo o mundo, mas os problemas são mais evidentes nos países sub-desenvolvidos, especialmente no continente africano.

As diferenças entre ricos e pobres são cada vez maiores. Segundo um relatório da Oxfam, 1% das pessoas mais ricas do mundo têm mais do dobro da riqueza do resto da Humanidade e cerca de 2 mil bilionários acumulam mais riqueza do que 60% do planeta.

Já em relação ao Brasil, um relatório da ONU que tem como base o coeficiente Gini (que mede a desigualdade e distribuição de dinheiro) colocou o país como o sétimo mais desigual do mundo, atrás de apenas seis nações africanas. Um outro relatório do IBGE, refere que 10% dos mais ricos brasileiros ficam com 43% da renda nacional.

Por sua vez, Portugal apresentava, em 2018, um índice de Gini de 32,1%, acima da média da UE, com 2,2 milhões de cidadãos em situação de pobreza ou exclusão social. As ilhas dos Açores e Madeira são as regiões mais pobres e mais desiguais do país e as crianças, idosos, famílias monoparentais e famílias com mais de dois filhos são os grupos etários mais afetados pela pobreza.

As ONGs e o combate à desigualdade social

As ONGs surgiram como forma de dar resposta a questões sociais que estavam a ser negligenciadas pelo governo e são, hoje, uma peça fundamental na transformação profunda por um mundo mais igualitário. 

Estas organizações desempenham um papel fundamental no combate à desigualdade social, já que possuem ferramentas para ajudar as comunidades a ultrapassar as limitações que as prendem e mantêm num estado de desvantagem. Também, conseguem mais visibilidade para esses problemas junto dos media e governo, intercedendo por uma sociedade mais justa. 

11 ações que as ONGs podem promover para combater a desigualdade social

Existem muitas formas de as ONGs ajudarem as comunidades a acederem a mais oportunidades. A maioria passa por educar a população, dotando-a de ferramentas que lhe permitam sair do ciclo de pobreza e discriminação em que se encontram.

Vejamos, agora, alguns exemplos dessas iniciativas:  

  1. Capacitar as pessoas de comunidades mais vulneráveis através de cursos e formações educativas para a inserção no mercado de trabalho, como com os Programas de Aceleração de Impacto Social, desenvolvidos por empresas nas suas ações de Responsabilidade Social para ajudar comunidades circundantes;
  2. Promover a igualdade de oportunidades através de iniciativas de consciencialização junto da opinião pública, meios de comunicação e governos para gerarem valor partilhado;
  3. Promover junto de empresas a implementação de critérios de ESG (especialmente o S de ESG) e os ODS;
  4. Ensinar técnicas de empreendedorismo e conhecimento profissional a mulheres, dando-lhes acesso a um salário e a possibilidade de ganharem independência financeira dos seus maridos;
  5. Oferecer acesso a novas tecnologias para melhorar a qualidade de vida das comunidades mais desfavorecidas;
  6. Apoiar programas de cuidados médicos para crianças e idosos negligenciados;
  7. Intervir, legalmente em situações de discriminação laboral, racial ou de género;
  8. Combater a fome com entrega de cabazes de alimentação;
  9. Implementar programas de apoio ao estudo para crianças em idade escolar através de, por exemplo, voluntariado de competências;
  10. Desenvolver atividades lúdicas e desportivas como a dança, ensino de música ou artes plásticas para retirar os jovens das ruas e de situações de violência e marginalidade;
  11. Promover a inserção de minorias étnicas, através da partilha de histórias e costumes junto da população.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no combate pela desigualdade

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma coleção de 17 metas globais estabelecidas pela ONU para combater as questões sociais mais problemáticas até 2030. 

As ONGs devem alinhar as suas iniciativas com este movimento e trabalhar as metas que estão relacionadas com as suas causas para que, com o esforço de todos, população, organizações, empresas e governo seja possível solucionar estes problemas. 

Embora a maioria dos objetivos ajudem a tornar a sociedade mais igualitária, vamos destacar três metas que estão diretamente relacionadas com o combate às desigualdades sociais e apresentar algumas das principais soluções que defendem.

Meta 1 –  Erradicação da  pobreza 

Este objetivo pretende acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares e apresenta soluções que passam por implementar sistemas de proteção social a nível nacional para os mais vulneráveis e garantir que têm acesso igualitário a recursos económicos, serviços básicos, programas e políticas que acabem com a pobreza em todas as suas dimensões. 

Meta 5 – Igualdade de Género

Esta meta foi definida para alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e meninas, através de medidas que eliminem todas as formas de violência sobre elas, incluindo tráfego humano e sexual e outras formas de exploração; erradicar o casamento forçado e mutilação genital;  promover legislação pela igualdade de género e acesso universal a cuidados e direitos de saúde reprodutiva.

Meta 10 – Redução das desigualdades

Pretende-se reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles, promovendo a inclusão social, económica e política de todos; garantindo o acesso a oportunidades, excluindo leis discriminatórias e promovendo políticas mais apropriadas. Esta meta pretende, ainda, dar voz e representação a países em desenvolvimento na tomada de decisão a nível económico global. 

A importância das parcerias

A desigualdade social é um problema estrutural, muito enraizado na sociedade. A mudança de mentalidades passa pela educação, mas também por uma estratégia de parcerias com empresas e governo para aumentar o impacto gerado. 

Para quebrar este ciclo vicioso, as pessoas precisam de conhecimento e oportunidades. Só com parcerias com o governo é possível alterar leis e políticas que agravam estas desigualdades. Da mesma forma, quando as ONGs criam parcerias com empresas estão a dotar a comunidade de meios para escapar a esta situação, melhorar a sua qualidade de vida, fomentar a economia local, gerar valor e mais emprego. Quer saber mais sobre este tema? Leia o nosso artigo sobre Parcerias de impacto entre as Organizações Sociais e as empresas.

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