Indicadores para Organizações Sociais
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Indicadores para organizações sociais: como medir e acompanhar?

Você conhece os melhores indicadores para organizações sociais? Sabe como deve extrair dados que ajudem a sua OSC na tomada de decisões? 

A realidade é que a maioria das organizações sociais está tão envolvida nas suas funções do dia a dia e na assistência às suas causas que nem sempre param para analisar os dados que possuem. O mesmo acontece quando falamos sobre a reflexão em cima dos indicadores mais importantes.

Neste artigo, vamos ajudá-lo a entender este assunto de uma vez por todas! Vamos explicar para que servem os indicadores para organizações sociais, quais devem medir e como analisar a informação recolhida. 

Assim, vai ser possível compreender melhor o ponto de situação em que a sua OSC se encontra. Além disso você vai entender o que deve ser feito ou melhorado para o seu bom funcionamento no curto e no longo prazo.

Para que servem os indicadores? 

Os indicadores, também chamados de KPIs (Key Performance Indicators), são métricas que quantificam o desempenho de uma organização social. Eles ajudam a compreender a capacidade de cumprir os seus objetivos e estratégias de forma eficiente.

Através da análise de dados, as OSCs podem entender como pode ser implementada na prática a estratégia que definiram, avaliarem o crescimento da organização e o impacto social que geram.

Assim, a administração consegue quantificar a eficiência das suas ações e o cumprimento de objetivos, ajustar o que não funciona ou criar novas metas e estratégias para melhorar o desempenho de todas as áreas da organização social.

Quais os melhores indicadores para organizações sociais?

É importante compreender que cada organização social é única e tem estratégias e objetivos desenvolvidos para a sua própria realidade. Assim, não existe uma lista fixa dos melhores indicadores para organizações sociais. Cada OSC deve refletir sobre as particularidades do seu funcionamento e selecionar os indicadores que fazem mais sentido para analisar o seu desempenho e ajudar nas suas tomadas de decisão.

Para ajudar nessa seleção, destacamos 7 tipos de indicadores para organizações sociais:

1. Retenção

A retenção é um dado muito relevante para medir o desempenho da sua organização social. Nas OSCs, este indicador deve ser medido em relação aos voluntários, à administração da própria organização e aos seus doadores:

Voluntários: uma alta taxa de retenção de voluntários indica que existe uma boa experiência e fidelidade à missão da sua OSC. 

É importante observar:

  • A proporção de voluntários do ano passado que voltou para ajudar novamente este ano;
  • A proporção de voluntários que se tornam doadores;
  • O tempo médio de relacionamento com a organização social;
  • A quantidade de novas indicações trazidas por voluntários (novos funcionários, parceiros, doadores etc.).

Administração

este indicador deve medir a percentagem de membros da administração que mantêm as suas funções ao longo do tempo. Se existir uma grande rotatividade, algo está errado e deve sofrer uma intervenção. 

Este fator pode acontecer por razões internas (ambiente ruim; salários baixos; desfasamento de expectativas, etc.) ou externas (recrutamento agressivo de concorrentes; conjuntura desfavorável; etc.).

Doadores

A retenção de doadores é a base para o sucesso na captação de recursos e segurança financeira da sua organização social. Você deve comparar a sua taxa com a média nacional para descobrir se está abaixo ou acima do esperado.

O Valor da Vida Útil de Doadores é, também, um indicador relevante, tendo em conta que define a quantidade total arrecadada ao longo do tempo pela sua OSC, de um doador. Para calcular o valor médio de vida útil dos seus doadores, você deve seguir a equação abaixo:

Vida útil de doadores = valor médio de doação anual x número médio de anos e meses de doação.

Por exemplo, se o valor médio das doações for de R$200 e o valor médio da vida útil do doador for de 2 anos, então o seu valor médio da vida útil será de R$500.

O valor da vida útil de doadores pode ser usado para monitorar o seu progresso ao longo do tempo. Além disso, você pode usá-lo para medir a eficácia das suas comunicações e os seus esforços de arrecadação de recursos. O KPI ajuda, também, a entender o quanto sua OSC deve gastar na aquisição de novos doadores. 

Outros fatores a medir:

  • Frequência de doações por período;
  • Frequência de doações por doador;
  • Valor médio de doação.

4. Engajamento

O nível de engajamento de uma OSC é o indicador mais forte e revelador de retenção futura para todos os três grupos mencionados acima. 

Existem vários tipos de engajamento.

Alguns estão relacionados com a sua equipe:

  • Nível de satisfação no trabalho;
  • Rotatividade de funcionários.

E outros estão relacionados com a comunicação da sua OSC:

  • Interação em redes sociais;
  • Proporção de pessoas que receberam e abriram os e-mails enviados;
  • Número de artigos e reportagens publicados nos media;
  • Níveis e frequência de doações;
  • Número de inscrições em newsletters;
  • Número de visitas ao site ou blog da OSC.

5. Governança

A governança nas organizações sociais é um indicador ESG ligado à credibilidade e confiança da OSC. Ele ajuda na sua gestão interna e tem, como objetivo, conferir maior transparência, equidade e representatividade aos seus processos, regulamentos, tomada de decisões e estratégias. 

Assim, sua gestão em governança deve estar atenta a tópicos como:

  • Proporção de mulheres que fazem parte dos quadros ou da administração da sua OSC em relação aos homens;
  • Grau de representatividade de minorias na sua OSC;
  • Existência de registros e compartilhamento de informações financeiras de interesse para os stakeholders;
  • Proporção de gestores que recebem formações relacionadas com o seu cargo (liderança, gestão de stress, relacionamento interpessoal, etc.) por ano;
  • Etc. 

6. Pirâmide de Financiamento

A sua organização pode estabelecer indicadores para diferentes níveis de financiamento, por ano: pequenas, médias e principais doações. Por exemplo, no patamar de pequenas doações podem estar as que, anualmente, vão até R$200. No nível médio podem estar aquelas  entre R$200 e R$1.500. No patamar mais elevado podem estar as doações anuais acima de R$1.500. 

Esta divisão vai ajudar a perceber o movimento das percentagens em cada ano e fornecer, ao longo do tempo, uma visão sólida sobre a saúde financeira da sua organização.

7. Impacto

Ao adotar impacto como um KPI, vai perceber que este indicador evolui e se transforma com o tempo, na medida em que a sua missão também evolui. Ele também é mensurado de formas diferentes conforme o trabalho e tipo de organização social em questão.

A melhor forma de medir o impacto é ter dados que podem ser comparados com resultados anteriores, resultados esperados e valores regionais e nacionais. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 17 metas globais desenvolvidas pela ONU são um ótimo auxiliar para a medição de impacto. Eles ajudam as OSCs a enquadrar as suas causas específicas em problemas mais amplos de forma simples e padronizada. Além disso, possuem indicadores pré-estabelecidos para medir os resultados. Sempre que possível, alinhe as suas ações a estas metas e participe nos esforços globais para solucionar problemas fundamentais da atualidade. 

Para uma melhor compreensão, vejamos agora um exemplo. Se a sua OSC tivesse realizado um projeto para apoiar desempregados, alguns dos principais indicadores que deveria medir seriam:

  • A proporção de beneficiários que concluíram o programa em relação aos que entraram;
  • Nível de satisfação com o programa;
  • Número de pessoas que conseguiram trabalho após concluírem o programa;
  • Quantitativo de pessoas que criaram o seu próprio emprego (tornaram-se empreendedores) após o programa;
  • Número de pessoas que registraram melhores condições de vida após terminarem o programa.

Se quiser saber mais sobre a avaliação de impacto nas organizações sociais, temos um artigo com um passo-a-passo completo sobre o tema. 

Como devo analisar os dados dos indicadores para entender o progresso da minha OSC?

Comece por registrar todos os dados em uma folha de Excel, por exemplo. Compartilhe todos os meses os resultados com a sua equipe para familiariza-los com cada um dos indicadores para organizações sociais e, juntos, conseguirem identificar tendências. 

Repare que você só vai conseguir realmente fazer uma análise aos dados quando tiver um histórico de meses. Quanto mais histórico tiver, mais facilmente conseguirá ver correlações e extrair conclusões sobre o desempenho da sua organização em várias áreas.

Atente-se também ao fato de que cada métrica é diferente. Por isso, é bom saber o progresso geral, mas indicadores específicos (como saber qual a campanha mais bem sucedida) ajudam a entender quais os próximos passos que deve dar e a definir o que devem manter ou alterar. Da mesma forma, existem dados que ajudam a estimar o que vai acontecer no futuro (ex:  a % de crescimento de fundos e doações nos últimos meses, ajuda a estimar quanto podem crescer nos próximos meses).

O importante é conseguir transformar números e informações em insights que ajudem na definição de estratégias e tomada de decisões na sua OSC. Pode até compilar anualmente os dados e conclusões mais importantes num relatório acessível a todos os stakeholders.

Não se esqueça, no entanto, que nem todas as informações devem ser compartilhadas. Se tem dúvidas sobre este tema, esclareça tudo em nosso artigo sobre as leis de proteção de dados LGPD nas organizações sociais.

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